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"O que ele sentia? Amor por outro homem?"

   O garoto estava transtornado com tudo isso. O que ele estava sentindo? Amor por outro homem? Como isso seria possível? Ele nunca fora educado para isso, suas reações eram extintivas e selvagens, ele sabia disso, que não havia orientações para um final feliz ao lado de quem ele estava apaixonado.
   Além de tudo, do silêncio com sua família, e com si próprio, ele se sentia incapaz de fazer todos os seus sentimentos se tornarem reais. Ele se castigava, ele se culpava.

(Parte retirada do caderno- ano 1985)

"Antes de eu ter dito tudo, todos os meus sentimentos, devia ter me parado, você não me disse de início que seria uma ilusão. Apenas alimentou meu sofrimento. Você me entorpeceu e fugiu."

                                                          

"Por que não?"

"Por que não cartas pra você?
Ou talvez pra mim,
ou quem sabe para o fim disso.
Ou até mesmo para um começo."

"Segunda página do caderno"

   Durmo. Simplesmente sonho. Mas nunca será simples sonhar com você. E esse sentimento que me desordena e me apavora, me mostra o quanto sou vulnerável a qualquer amor que me apareça, a qualquer desilusão que me ocorra.
   É que eu queria jogar tudo isso fora, jogar cada choro e cada momento que estive com você, seja bom ou ruim. Você me humilha, faz de mim um objeto descartável. Você não pode ver, mas qualquer coisa que você faça ou diga, eu vou acreditar, eu vou confiar em você. Porque eu te amo, estou vendado, somente me guiando por você, somente sentindo as suas mãos.
   Eu espero, ansiosamente. Parece fútil, mas eu gosto somente de te ver, eu desestruturo. Eu me desfaço, e escrevo nos meus dois olhos meus sentimentos por você.
   Você não passa de um tudo, simplesmente tudo em minha vida. Ou basicamente isso.
   E o mais desesperador é saber que não são reais os contos de fada, que não são fatos os finais felizes. É por isso que não me oponho mais a fundo nisso. Eu tenho medo, medo de não aguentar chegar até a claridade da verdade. E eu sei que é isso que me impede de saber o que realmente pode acontecer.

"Primeira página do caderno"

   Se alguém pudesse imaginar o quanto estou feliz e ao mesmo tempo sofrendo por tudo em minha vida, eu ficaria melhor. Mas ninguém pode, ninguém consegue, ninguém me consola, não encontro quem possa me ajudar.
   Se isso é a vida de um adolescente comum, confesso que é o melhor e o pior decorrer de toda a vida. Mas eu acho que posso aguentar, que posso viver mais. Tudo veio agora, meus limites ainda não. Consigo amar, mas um amor diferente, talvez poucos amigos entendam isso. Mas eu estou amando. Apaixonado? Talvez por você agora, mas terminantemente certo, apaixonado pela vida. E você é quem me faz sentir vontade de viver agora, você faz parte dos meus melhores momentos por enquanto. Mas se não consigo te dizer isso, sou um covarde, ou você não é tudo o que sonhei.
   Não sei ao certo se choro por você, ou se choro por tudo ser tão novo em minha vida. Não sei se está tudo tão rápido pra mim, ou se está tudo tão devagar, ao ponto de eu não aguentar ficar um dia sem te ver.
   Você não é digno de minhas palavras, apenas a vida é digna delas, mas você faz parte da minha vida.
   Neste momento eu penso em você. Ou talvez eu pense em um você em que eu contruí. Posso estar meio louco com tudo isso, posso não estar aguentando, mas eu gosto assim, não me traga o convencional, não combina com o que já vivi.
   Estou errado por pensar muito no futuro, já que admito que o futuro não existe. Mas eu acho acho errado também se guardar nas lembranças, fazer delas um lugar seguro, como um filme em que gostamos, mas que não somos o diretor. Mas como não viver das lembranças se o futuro de agora já passou, se o futuro que pensamos em viver já passou, e então pensamos no passado? Para mim não há resposta, ou melhor dizendo com opiniões próprias, não quero respostas. Eu quero sentimentos, estes serão minhas verdadeiras respostas.
   Se eu não puder ter você comigo, quero te guardar, como uma página de um qualquer melhor livro. Não quero te esquecer. Não faz parte dos meus princípios esconder algo que gosto, que amo.
   Sinto muito pensar num final triste, mas é natural pra mim pensar que vai dar errado. Eu já estou acostumado com os sofrimentos, eu penso que só eles poderão te dar a verdadeira felicidade. Poderão te dar um legítimo encontro com a resposta de o que estou fazendo aqui, e porquê estou vivendo isso.
   Por momento, termino aqui, não sei se vou continuar, prefiro rasgar roteiros. Mas o que me fez, e me trouxe até aqui foi você. E eu quero realmente que continue.

                                                  
                                                      Te amo.
      

"O começo de tudo"

     Era uma vez um garoto, normal. Ele estudava, como todos os outros garotos, tinha sonhos, muitos sonhos. Mas foi por um motivo que ele sofreu, por um motivo seu próprio modo e jeito de ser o fez chorar. Foi pelo amor, o amor de sua natureza, contestando tudo o que lhe foi ensinado, de ser um garoto e amar uma garota, gerar filhos e assim sucessivamente. Ele se apaixonou incondicionalmente, de uma forma tão pura e simples que nada nem ninguém podia fazê-lo pensar que aquilo era errado, apesar de muitos tentarem. Ele contou todo o amor que havia em sua alma para o garoto que amava. Mas além de sofrer com todos contra ele, seu grande amor o rejeitou, ou ele mesmo talvez não tivesse tido coragem para seguir até os últimos riscos que esse amor pudesse lhe oferecer. O garoto então nunca encontrara um grande amor que pudesse aliviar a dor dessa paixão, e também não houveram notícias de que o outro garoto tivesse encontrado uma garota ou um garoto. Eles então estavam separados e sozinhos, no medo.
    O garoto que havia expressado todos os seus sentimentos para seu amado, deixou um caderno, em meio aos seus livros e desenhos de escola. Um livro que narrava o que lhe causava angústia, felicidade, ou mais ilusão ainda, para um amor que nunca fora retribuído.